O presidente do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva, discursa para estudantes em Goiânia, estado de Goiás, em 17 de julho de 2025. (Foto: AP).
O presidente brasileiro insulta Trump por sua interferência no julgamento de Jair Bolsonaro, enfatizando que não permitirá que um “gringo” dê ordens ao Brasil.
Uma semana depois que o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, ameaçou aumentar as tarifas sobre o Brasil para 50% se o país não terminar o julgamento contra o ex-presidente de extrema-direita Bolsonaro, o magnata republicano e o atual presidente da gigante sul-americana, Luiz Inácio Lula da Silva, entraram em confronto novamente na quinta-feira.
Lula aproveitou um discurso no 60º Congresso da União Nacional dos Estudantes (CONUNE), em Goiânia, para denunciar mais uma vez as tarifas de 50% anunciadas por Washington. O líder progressista chamou a medida de afronta à soberania nacional do Brasil e prometeu retaliar impondo impostos às empresas digitais dos EUA.
“O Brasil tem 201 anos de relações diplomáticas com os Estados Unidos e um déficit comercial de 410 bilhões de dólares em 15 anos. Não aceitamos que o presidente envie um e-mail em que diga que, se não soltarmos Bolsonaro, aplicará uma tarifa de 50%. Responderemos como democratas: não aceitamos que alguém interfira em nossos assuntos internos”, enfatizou.
Lula denunciou as exigências excessivas e ilegais de Trump ao seu país, incluindo que “empresas e plataformas norte-americanas não paguem impostos no Brasil”, alertando que nunca aceitará que um “gringo” dê “ordens ao Brasil”.
“O mundo precisa saber que este país só é soberano porque seu povo é soberano e se orgulha disso. Eu queria dizer a vocês que vamos processar e tributar as empresas digitais americanas”, disse o presidente esquerdista.
A tensão entre as duas maiores economias do continente aumentou quando Bolsonaro revelou uma nova carta enviada a ele por Trump, na qual o presidente dos EUA mais uma vez expressa solidariedade ao seu aliado de extrema-direita, acusado no Brasil de tentar um golpe de Estado após as eleições de 2022.
“Este julgamento deve terminar imediatamente!”, disse Trump na carta, na qual não escondeu sua interferência nos assuntos internos do Brasil. A carta chega dois dias depois que o Ministério Público do Brasil pediu uma sentença de prisão para Bolsonaro e seus colaboradores mais próximos por organizar um golpe de Estado contra Lula. O ex-presidente corre o risco de 43 anos de prisão.
A intervenção de Trump na política interna e nas eleições de outro país não é novidade. Já aconteceu com o Canadá e alguns países europeus, em que expressou seu apoio a candidatos de direita ou extrema-direita, e agora recorre a tarifas para impor sua vontade a um país soberano, ou seja, o Brasil.
A abordagem intervencionista do republicano ao Brasil provocou protestos no gigante sul-americano nos últimos dias, onde as pessoas repudiaram a interferência de Washington gritando slogans patrióticos e queimando efígies de Trump nas ruas.

Publicado originalmente em: https://www.hispantv.com/noticias/brasil/618211/lula-trump-gringo-ordenes

